Carta n. 30
Hoje comecei a ler um livro chamado "Cartas a um jovem poeta", de Rainer Maria Rilke. É praticamente um compilado de dicas sobre como ser um bom escritor, mas também fala sobre a vida.
Rainer não teve uma carreira no meio militar e começou a escrever; um dia seu professor do exército resolveu lhe escrever pedindo dicas de como estava se saindo com seus poemas. E Rainer dá uma dica importante sobre como o professor Hoaracek deveria fazer para escrever com a alma: "Procure entrar em si mesmo". Com certeza esse livro precisava me encontrar.
Demorei pra aceitar que a escrita era um hobby meu, um dos mais importantes e relevantes na minha vida. Escrever vai além de usar uma boa caligrafia, saber os espaçamentos de uma folha, escrever um bom cabeçalho falando "saudações...".
Escrever para mim é refúgio. Incontáveis vezes escrevi como estava me sentindo, desabafando, pedindo ajuda a alguém que não sabia o nome (ou até nomeava, mas nunca via). Escrevia por saudade, por amor, por amizade. Escrevia por não saber mais o que fazer, por medo de não sobreviver, por medo até mesmo de viver.
Escrever pra mim é uma benção, por eu ter mãos saudáveis pra usar caneta ou computador. Escrever é uma oportunidade para organizar meus pensamentos antes de dar asas e personalidade própria à eles, sem poder segurá-los depois. Escrever pra mim é adentrar o meu ser, reconhecer quem eu sou e conhecer ainda mais os sentimentos que se escondem em minhas entranhas, mas que emergem no incendiar da minha intensidade.
Escrever para mim não se resume à uma só palavra, mas a minha vida eu devo muito à escrita. Cartas escritas e queimadas, enviadar por correios e perdidas em ônibus ou paradas da cidade. Cartas, bilhetes, TCCs e em breve uma monografia. Post-its, lembretes, declarações e despedidas.
Escrever pra mim foi a melhor coisa que pude reconhecer como natural de mim.
E é escrevendo sobre escrever que esse desafio chega ao fim aqui.
Mas continua na minha vida. Sem tempo de acabar.
Mas continua na minha vida. Sem tempo de acabar.
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