Carta n. 29

Poucos sabem, mas eu tenho outra data de nascimento. O que implica dizer que também faço aniversário 2x no ano SIM!
Eu sou do dia 10 de setembro de 1993, nasci numa sexta-feira, no final de tarde, quando o sol já tá ficando "confortável" e o céu fica com rastros de nuvem, como se as ondas tivessem deixando marcas como as que ficam na areia. E ao final dos meus 20 anos, renasci, depois de 7h de "trabalho de parto". Passei quase 21 anos com 157cm e em poucas horas, cresci 4cm. Um bebê grande, não é? kkk Isso me rendeu uma vida nova, literalmente um novo nascimento, junto com uma coluna nova. "A base veio forte" mesmo.
Essa é a penúltima carta da lista e eu escolhi falar que, com 30 anos, eu completei 10 novos anos de vida e parece pouco, mas aconteceu tanta coisa com meu novo eu. Esse meu novo aniversário me faz pensar como a vida era antes e depois de fazer a cirurgia na coluna, e penso também como seria se eu não tivesse feito ela. Quando vejo alguma postagem de crianças que nascem com deformidades ou que adquirem doenças graves no auge da sua inocência e descoberta das coisas boas da vida, me recordo que já fui uma dessas crianças, que dançou, pulou, comeu muuuito e era uma bolotinha e do nada, se descobriu que estava com um ombro mais alto que o outro.
No início não parecia nada, até descobrir a escoliose, até ver que era necessário fazer fisio e usar colete, e viajar até a capital pra ter tratamento médico que no interior não tinha. As vezes penso também no quanto meus pais gastaram comigo e me culpei por isso. Emagreci, sofri bullying, senti dor, me feri e depois de anos, ainda tive que operar. 
Nascer de novo foi uma decisão difícil, e que só tomou maior proporção depois de tudo acontecer. Lembro que 3 semanas após a minha cirurgia, eu tava comemorando 21 anos. Acho que esse foi o aniversário mais tenso que eu tive, porque eu não sentia vontade de sair da cama e ao mesmo tempo sentia o peso da cirugia no meu nervo ciático: dores, choques e medo. Medo de não conseguir fazer as coisas que eu fazia antes, medo de que durante o processo alguma coisa se agravasse e mexesse com meu pós-cirúrgico.
No ano que fiz meu aniversário de 10 anos, decidi que seria fazendo algo pela minha escolha de vida. Comecei a malhar em 2024 e hoje sinto que se já tivesse começado antes, a vida poderia ser diferente hoje, em questão de flexibilidade, de disposição física, muscular, as articulações doeriam menos e meu fôlego seria melhor. Mas a vida tá aí pra gente correr atrás do prejuízo, não é mesmo? 
É engraçado ter 2 datas de aniversário, mas o melhor mesmo, é ter boas histórias de aniversário pra contar, principalmente quando envolvem superação.

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