Carta n. 25

Sempre soube que estudar me levaria pra longe, mas não sabia que um hobby um dia me levaria pra conhecer a imensidão do mar.
No ensino fundamental eu era bem ativa nas atividades extra-classe: dancei, participei de concurso de redação, lia poesias nos eventos da escola, participava do clube de leitura, era narradora de teatro de fantoches. E foi pelo clube de leitura que vim pela primeira vez à Fortaleza. Naquela época eu nem imaginava que isso pudesse acontecer, nem sabia que poderia chegar perto da praia, sequer tinha mentalidade de que o mundo fosse tão grande a ponto de eu sair da minha cidade pra conhecer novos lugares. Mas eu tava enganada.
Eu e alguns colegas fomos convidados a representar a cidade num evento do projeto de Clube da leitura que a gente participava, o evento ia ser no teatro do Dragão do Mar (que alguns anos mais tarde, seria um dos meus lugares preferidos em Fortaleza) e nessa época nem tinha Internet pra eu pesquisar onde ficava esse lugar, mas sabia que seria uma oportunidade e tanto viajar pra capital. Fiquei meio apavorada porque a princípio, achei que iria com a professora responsável e era muito apegada à minha mãe, estava com muito medo de ir sem ela. No final das contas ela foi com a gente e foi uma viagem e tanto. O evento foi muito bem organizado, não passeamos pela cidade, fomos direto pro Dragão. E na saída, fomos conhecer a famosa Ponte Metálica. Foi ali que eu vi o mar pela primeira vez.
Não teve banho, não teve biquíni, areia, água de coco. Eu era uma bolota, bem vestida e tímida porque de onde eu vinha, nunca imaginei que fosse ver o mar um dia. Mas eu vi. E depois daquele dia, eu entendi que o mundo era bem maior do que eu poderia imaginar, que fronteiras poderiam ser atravessadas, e que tinha muito mais a conhecer nessa Terra do que eu poderia sonhar, imaginar ou planejar. Já saí querendo voltar...
O mar é inspiração, é a porta de entrada e saída para um universo de infinidades. Hoje eu moro numa cidade que tem praia, onde tem mar. Quem diria que o mundo daria uma volta como essa. 
Quantos mares ainda posso ver pela primeira vez?

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