Carta n. 3

Essa com certeza foi a melodia mais linda que me dedicaram. Pra todo fã que existe na face da Terra, essa música tem um significado diferente e essa, me lembra alguém que ainda vive, por esse mundo e nas minhas melhores memórias.
Lembro que a primeira vez em que a ouvi, a minha primeira reação foi agradecer. Sempre fui uma pessoa movida a notas, melodias, ritmos... A música mexe comigo como nenhuma outra manifestação de arte mexe e se em algum momento eu não consigo ouvir música, há algo de errado comigo. Se tornou um termômetro do meu estado de espírito.
Mas retornando à música. Rods me apresentou Pink Floyd em um instante de transição da minha vida. Eu acabara de vir pra Fortaleza, ele fez questão de manter contato comigo mesmo após termos passado um tempo sem nos falar, e ele me ajudou em muita coisa desde que decidi mudar de cidade, de rotina, de vida.
Essa música, especificamente, é cheia de indagações, questionamentos, e de certa forma era assim que eu me encontrava lá em meados de 2012. Apesar de querer pensar a todo instante que toda a mudança daria certo, sempre existia uma dúvida em baixo do tapete. Mas o Rods me fazia esquecer de tudo isso quando se dispunha a me levar pras entrevistas de emprego, me deixar de volta em casa e quando me apresentou um mundo que era o meu: uma livraria. Naquela época a Cultura era o meu lugar preferido da cidade e a gente ia olhar os livros, tomar chá gelado de pêssego com limão e fingir costume burguês.
A lembrança mais marcante, em que a música se encaixou, foi o dia 21 de dezembro de 2012. Como todo fim de ano, o dia estava bem quente, eu já estava bem instalada num emprego e de carteira assinada, aproveitando a confraternização de fim de ano da minha equipe. Quando saí, encontrei Rods e fomos à praia. O boato era que o mundo iria acabar naquele dia e a gente queria estar lá, na praia, pra ver e sentir tudo. Claro que o mundo não acabou, mas se tivesse acabado, não teria problema algum...
Naquela noite eu ganhei meu primeiro livro da saga do Harry Potter, com direito a dedicatória de feliz natal e tudo. Ah! E teve chá matte leão, de pêssego. E Pink Floyd. 
Com certeza era pra ele estar ali comigo. E estava.
Todos os questionamentos que "Wish You Were Here" traz, eu já tive de forma direta ou indireta. A música nos instiga a pensar se nós conseguimos distinguir coisas boas de ruins, sobre ver o lado bom ou lado mau, se fomos/somos manipuláveis, se fizemos as escolhas certas. E a estrofe final resume o que eu muitas vezes tive com o Rods: a presença do incondicional.
Sempre fomos e continuaremos sendo duas almas perdidas, "nadando" nos nossos aquários, correndo pelo mesmo chão que já conhecemos há anos e talvez com os mesmos medos de sempre (ou alguns novos). Mas tínhamos um ao outro, independente do instante que estávamos vivendo.
Essa música vai ter sempre um lugar especial na minha vida. Dessa forma eu lembro que já fui amada da forma mais completa, sem ser cobrada, sem ser julgada, até ver o semblante do Rods atravessar a porta da enfermaria do hospital, para nunca mais o ver.

Comentários

Postagens mais visitadas