Carta n. 23

Semana passada, meu instrutor da academia disse que não costuma comemorar o revéillon, porque pra ele isso é uma despedida do ano que passou e ele prefere no dia 1º de janeiro comemorar um novo ano que chega. Acho que nunca ouvi algo tão sensato e direto vindo de alguém (obrigada Dito!).
As festas de fim de ano já tiveram mais significado pra mim. Já fiquei mais ansiosa, já acreditei em papai Noel, já ganhei presentes, já fui jantar na casa dos outros e já ajudei minha mãe a receber familiares em casa nas noites de natal e ano novo. Depois que eu sai da casa dos meus pais, essas festas pouco tem significado pra mim, nem me dão vontade de voltar à minha cidade natal pra comemorar ou reencontrar os parentes. E sinceramente, não me fazem falta.
Lendo isso, talvez alguém me julgue em pensamento, me chame de fria, de cruel, "sem sentimento". Mas ao meu ver, o que eu tenho é sentimentos demais e que em um momento como esse, junto da família não seriam tão respeitados como eu atualmente preciso que sejam. Já foi bom. Quando alguém fala em festa, o que eu me recordo mais são esses momentos de fim de ano, mesmo que eu não os comemore. São duas datas que eu me sinto ansiosa de uma forma não tão saudável, que eu prefiro ficar sozinha e há 4 anos, eu não fico mais tão só, tenho a Ártemis, que considero a companhia suficiente pra mim.
Festas são pra festejar algo, alguma conquista, algum momento feliz e quando se fala de fim de ano, minha única satisfação é ficar sozinha, com minha solitude, meus pensamentos, meus anseios, sonhos e minhas perspectivas que já foram atingidas e as que não consegui, ao fim de um ano. Esse ano tive muitas conquistas, mesmo que eu não tenha listado certos desejos. Eu ainda tenho sonhos, muitos, e penso neles fora e dentro desse recesso de fim de ano. Sinto felicidade, tranquilidade, consciência limpa, fracasso, tristeza... Eu penso em tanta coisa que as vezes não acho tão necessário expor aqui, porque eu sei que querendo ou não, isso pode ser gatilho pra alguém, até pra mim mesma.
Aproveitando o último dia do ano, eu preparei a minha "casa" pra um momento que nem é de tanto festejo pra mim, mas que eu sei que vou sentir um tiquinho de paz. Vou já procurar um pano pra amarrar na Tetê e amenizar o barulho dos fogos pra ela, fazer meu jantar, rever o finalzinho de Stranger Things e quem sabe trocar mensagens com o Alan e o Ronaldo. 
Talvez, no final das contas, seja isso o "festejar": ficar contente com as conquistas que a gente tem, fazendo companhia à nós mesmos, comendo algo gostoso e feito por nós mesmos, tomando alguma coisa (mesmo que suco) e pensando em como o próximo ano vai ser produtivo, com a previsão de boas conquistas, reencontros, novos encontros, fortalecer as amizades e recomeçar com saúde e esperança.
Feliz 2025.

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